segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Lilith e a tirania falocêntrica.











  Dando continuidade aos estudos sobre a figura de Lilith, seja essa influencia unida aos critérios fantasiosos de nossas mentes,particularidades comportamentais ou certezas espirituais extremamente plurais de acordo com as mutações conceituais das tradições sociais e religiosas do ser humano no decorrer de sua evolução histórica.  Encontramos com a majestosa Deusa/Mulher/Demônio das tempestades, ventos e furações em amplas facetas envolvidas em nossa ideia de coexistência, seja a mesma com a natureza  ou a humanidade das mais variadas formas diferentes. 





 Encontramos uma série de influencias literárias onde a tempestuosa Divindade Suméria aparece como epicentro conceitual definindo estados evolutivos do princípio feminino e suas influencias em períodos históricos extremamente distantes, também, sendo considerada como exemplo mitológico de muitas condutas e questões sociais relacionadas ao desenvolvimento da inferiorização da mulher como autoridade intuitiva, livre de egos e pré-definições influenciadas por beneficiações pessoais, Divindade matriarcal protetora da liberdade e igualitarismo. 



Lilith e os conceitos sexuais através dos tempos:  

Lulti :

Origem : Linguagem Suméria 

Tradução : Lascívia 

Conceito Moderno : Conduta  ultrajante, pensamentos ou atos totalmente imorais voltados a sexualidade.

Lulu : 

Origem : Linguagem Suméria 


Tradução : Libertinagem 

Conceito moderno :  Pessoa libidinosa, com uma conduta sexual sem limites, desregrada, inconsequente.




                              As preceptoras da vida :

 Lulu e Lulti definem em períodos separados cronologicamente o mesmo  tipo de sacerdotisa do culto as antigas Deusas do oriente médio que promoviam um ofício de cunho sexual em suas peregrinações, eram mulheres sagradas e espiritualizadas em comunhão com suas Deusas, escolhidas para espalhar a vida e a energia sacro-sexual através de um ato respeitado e ligado ao culto, conexão e manifestação da energia Divina na Terra. as tradições pré-Patriarcais afirmavam honra, bençãos, curas, poderes às aldeias, guerreiros, homens e mulheres que promoviam os atos sexuais em sua 'Dança do sangue', pois, o vermelho era a cor de suas vestes, certas mudanças conceituais determinaram o fim dessa tradição e as "Lulu" foram interpretadas como mulheres que promoviam o ideal libertário e igualitário da mulher em critérios respeitosos que o homem almejou dominar de maneira totalitária, iniciando essa mutação cultural  no final da idade do bronze e tendo o começo do sedentarismo das tribos arcaicas como ponto cronológico de tais corrupções. 





     O começo do mal, moral e a mulher inferior ao homem : 





'Lulti' e 'Lulu' foram as duas palavras mais usadas para definir alguns aspectos sexuais de Lilith num carácter negativo e imoral, contudo, a maioria predisposta a assimilar interpretações banais e ignorantes não se preocupam em buscar o amago das questões e suas subsequentes transformações através dos tempos em comunhão com  mutações culturais e suas bases primitivas da construção social desigual sintetizada na raiz das primeiras culturas sedentárias. Lilith é uma das Deusas primordiais do Oriente, possuindo atestações arqueológicas de sua presença como Deusa mãe de boa parte da região na idade do Bronze, sendo a principal referência Divina para as mulheres num período de extrema força matriarcal definido como pré-patriarcal. 


O período pré- patriarcal é muito importante para definir as intenções e interpretações de certas definições anexadas a Lilith no decorrer da história humana, de maneira simplificada, podemos atestar que determinadas palavras vão se transformando e criando definições a merce da conduta e critérios sociais denominados como  certos em cada cultura, costume e temporalidade relacionada.  Foi um período igualitário onde a família não era limitada aos seus entes mais próximos e moradores de uma mesma casa, pois, como a antropologia  nos ensina, a maioria dos povos nômades viviam num estado de comunhão, onde seu critério de família era relacionado a união de seus companheiros buscando suprimentos e prezando a proteção, assim, perpetuando a evolução daquela coletividade, independente de laços sanguíneos. 


Os povos desse período não eram ligados a questões morais que são colocadas como bases éticas que podemos ver até os dias de hoje, sua religiosidade e critérios eram baseados em informações ancestrais passadas através das gerações em relação aos fluxos e modificações da natureza, tendo a vida e morte como extremos da mesma roda, existindo forças ao redor dessa condição parabólica que podem influenciar, modificar tais condições, eventos que poderiam prejudica-los e criar eventos para beneficia-los. 


 A experimentação da vida é um critério inconsciente de um povo nômade, estando predispostos a novos eventos, adversidades e oportunidades nunca vistas, mas, tais condições, relações e contemplações eram feitas pelas mentes mais tranquilas e responsáveis pelos trabalhos mais minuciosos de uma coletividade vagante : As mulheres eram responsáveis pela manutenção desse fluxo, cerimônias focalizadas em ícones Divinos herdados de seus antecessores, afirmando a condição superior de seres incomuns que nos criaram, afirmando-os como os grandes regentes dos princípios cósmicos e ambientais de necessária harmonia para a continuação da sorte e fartura nas suas buscas pelos suprimentos necessários para o povo e dos ofícios indispensáveis para continuar a existir com tranquilidade.  





                     Quando o caçador deixa de caçar :


 O problema se inicia quando o ser humano decide abandonar a tradição nômade e começa o estado sedentário das pequenas civilizações primitivas. Existiam regras no igualitarismo estipulado pelas leis divinais, impostas pelos Regentes da vida e morte, expressando suas condições através de seus receptáculos terrenos, primeiras representantes sacerdotais da historia,conhecedores(as) das palavras e conhecimentos " Daqueles que vieram das Estrelas", homens e mulheres  capazes de ouvir a alma da natureza, a voz do céu e estrelas, dizendo o que é preciso para agrada-los e ter uma vida em harmonia com o todo.  O homem caçador estipulando um ponto de vivência estática, devido as dificuldades encontradas na caça e nos perigos misteriosos de uma época onde a natureza estava em pleno equilíbrio e possuía múltiplas formas para findar o destino deles, começa os processos de acumulo de suprimentos naturais ao seu redor, através da domesticação de animais selvagens para obtenção de carne e peles, a agricultura primitiva e consequentemente, a observação de uma natureza que o princípio masculino só prestava atenção pouco antes de mata-los por sua sobrevivência.


  Agora num outro ponto de vista, começa a alimentar sua consciência com ideias ligadas ao comportamento natural de gênero visto nos animais, onde o macho mais forte luta pelo seu estado superior e se torna o líder, possuindo muitas fêmeas diferentes, também, observando os animais, os homens tiveram a ideia primitiva da importância do homem na procriação, atestando a soberania masculina sobre o ato sexual e procriador, sem nenhuma possibilidade de acontecer sem a introdução do falo, mesmo simbolo que se tornou a destruição das tradições culturais e espirituais de todo um período igualitário e harmônico da humanidade. As mudanças de pontos de vistas ligadas ao comportamento humano em suas atividades foram os primeiros indícios da criação de um tipo disforme e primordial de moralidade imposta por um ser humano, onde a família em seu estado completo foram se fragmentando devido as diferentes conceituações individuais dos homens que  usavam do determinismo falocêntrico como base de uma nova instituição coletiva tendo-o como o líder em todos os aspectos de seu cotidiano. 






Depois dessas condutas iniciais, os estados de convivência tribal falocêntrica foram criados e as Deusas foram retiradas de seus atributos ancestrais, as grandes Tecelãs da realidade vital foram transformadas em Divindades secundárias tendo um Líder poderoso com aspectos arquetípicos destrutivos e egoicos como base psicológica e de atuação ou rebaixadas a aspectos negativos da mesma realidade que ela presa e rege. Lilith é uma Divindade, personagem que não foge a essa regra, foi o principal alvo de uma sociedade nômade  que traiu a sua condição Divina evidenciada por seus ancestrais para trilhar uma conduta social centrada nas ideias falocêntricas, modificando toda uma cultura milenar e essencial para estipular a ideia do homem como o princípio de gênero mais importante. 


Continua ... 

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