domingo, 15 de março de 2015

"Defeitos" e os demônios :












A primeira coisa que desejo afirmar expressivamente é sobre a realidade hipócrita e absurdamente conduzida por diretrizes ultrapassadas oriundas de fundamentações envolvendo a mistura da política com a religião, logo, podemos encontrar utilidades preciosas em comportamentos controversos que a sociedade tenta nos forçar a interpretar como uma maneira nociva, assim, disseminando nas mentes suscetíveis, padronizações limitantes, criando modelos psicológicos sintéticos para a coletividade influenciável. 



Acredito que muitos, conseguiram aceitar-se como são, ou estão numa fase transitória de auto aceitação, nessa constante jornada de superação e desenvolvimento pessoal, buscando a prima essência do ser, sem nenhum tipo de comportamentalismo e comunhão com induções sociais, políticas, éticas, religiosas impostas a nós, desde o nascimento, assim, promovendo o encontro com o verdadeiro Eu ( Daemon )  a autêntica luz estelar interna que ilumina a consciência e abre as portas para as possibilidades inimagináveis dos planos mentais profundos. Creio que nessa linha de raciocínio,  a aceitação das particulares psicológicas inatas e a destruição daquelas que não fazem parte da essência sejam cruciais para a evolução do adepto  da jornada, seja lá como você interpreta suas ambições e interesses místicos e/ou mágicos .



Criei uma simples analogia, baseando-me nos principais seres encontrados nos mitos de inúmeras e seus respectivos aspectos psicológicos, criando um paralelo entre forças abstratas e Divindades arcaicas ( No presente momento, interpretadas como demônios por muitas interpretações religiosas, sejam a favor ou contra os mesmos). 



Mammon  > Ganância : 



O usurpador de cadáveres, senhor dos lobos devoradores de orgãos ( As partes mais preciosas do corpo ).  Senhor das preciosidades, aquele que é atraído por tudo que é brilhante ou medianamente interessante ( Tudo que possua um valor ). Encontramos em Mammon, o puro e instintivo interesse em acumular  tudo aquilo que nos satisfaça, onde a presença desses itens, preenchem lacunas em nossas mentes e nos dão a sensação de posse, domínio, reinado sobre tudo que avistamos. Sua posição secundária nos mais variados mitos, colocando-o como um príncipe herdeiro de um reino marginal, remonta a sensação insatisfatória de ter um futuro indigno para seus intuitos, assim, buscando em suas próprias atitudes, a riqueza e poder que almeja. A ganância é um sentimento extremamente usual, onde a ambição é colocada num pilar primordial na existência, as pessoas  devotadas a esse sentimento, possuem um ideal solitário, normalmente, são solitários, por desenvolverem um egoísmo excessivo, porém, são as pessoas mais obstinadas, perseverantes que possam existir, possuindo uma autoestima inabalável e uma resistência incrível a jogos mentais, intenções manipulativas, normalmente, possuem uma grande densidade energética em todos os âmbitos de sua integridade, capazes de armazenar grandes cargas energéticas, possuindo auras largas, fisicamente,  veem no tamanho, uma grande marca, tendem a obesidade, devido a um nível mediano de sedentarismo, pois, aquele que se considera um rei, perde muito tempo tentando dominar tudo a sua volta e acaba esquecendo de si mesmo.  



"pelo poder da verdade, eu, enquanto vivo, conquistei o universo". 

( A trágica história de Dr Faustus ) 





Belphegor >  Apatia :

 Muitos podem estar se perguntando : Por que ele escolheu Belphegor como a Apatia ? Bem, encontramos nos mitos Cananeus, informações precisas sobre ele : Como um antigo e soberano Deus do sono e dos sonhos, talvez, a referência mais arcaica de um ser regente dessa esfera. Podemos encontrar referências filosóficas e espiritualistas sobre esse sentimento em diversas culturas diferentes, como um princípio profundo da reflexão sobre si mesmo  e o todo, pessoas apáticas, tendem a pensar demais, criando um estado crítico altamente desenvolvido e impregnado ao seu comportamento e opinião pessoal, reclamam de tudo quando se manifestam, não aceitam opiniões externas, por apenas confiarem no que refletem ( Com afinco ). Tendem a longos períodos de isolamento, em decorrência de sua fragilidade existencial, sabem lidar com todas as questões possíveis em seu íntimo, contudo, não aceitam e agem bem sobre as pressões da vida cotidiana e coletiva por muito tempo, possuindo períodos notórios de socialização e retidão em todos os aspectos de sua realidade . 

"Vire de lado, você está tapando o Sol." 

( Pedido de Diógenes, a Alexandre, quando o mesmo o ofereceu qualquer coisa que ele quisesse) 



Asmodeus > Luxuria : 

 Eu me irrito profundamente, quando a maioria das pessoas limitam o ato de luxuria ao sexo, isso gera uma futilidade perante a amplidão exposta  por esse sentimento intransigente e altamente individualista. Normalmente, as pessoas luxuriosas tendem a se importar em demasia consigo mesmo, acaba criando uma sensação de frigidez emocional, claramente percebida pela maioria das pessoas que interagem com os mesmos,  possuem uma tendência ao individualismo e introspecção em momentos conflitantes, buscam sempre em si mesmo tudo que necessitam, abdicando do senso coletivo comum de maneira singular, pessoas destacadas, diferentes e em alguns casos, com um certo nível de excentricidade liga ao comportamento.  Sentir, experimentar, desbravar os próprios limites, são cernes bem evidenciadas na cadeia psicológica dos "Luxuridae", tornando-os autênticos aventureiros e as vezes os mais completos idiotas quando se metem em situações fora do seu controle, mas, sempre de alguma forma, eles conseguem tirar algum proveito, apaixonados por sentimentos intensos,  hedonistas até o ultimo fio de cabelo. 

O sexo ? Todos sabem o que é sexo... 


“Embora a alma possa pertencer a Deus, a carne pertence a nós.” 

(Rasputin) 


Continua ... 

quarta-feira, 4 de março de 2015

O Xamã e o ódio :

 Dizem os antigos espíritos da terra que numa época distante, os espíritos das chamas eram brandos e equilibrados, os senhores e senhoras do fogo, eram sábios em suas decisões. Até um dia extirpado das linhas da vida, onde o Xamã mais equilibrado e pacífico que já existiu, perdeu os amores de sua existência num incêndio malicioso, promovido pela inveja de outros irmãos no caminho da eternidade, não aceitavam sua condição de paz sublime e decidiram testar o limite extremo dessa "suposta" harmonia suprema , essa decisão, foi o fim dos tempos da Águia, ode os homens e espíritos caminhavam juntos e vagavam entre os mundos livremente.


 O pacífico Xamã, se lançou nas chamas de seu fim, portando a maior das coragens e vontades, tentando salvar o que mais lhe importava na vida : Sua família. Sua pele deixou seu corpo e seus olhos já não enxergavam e mesmo assim, ele seguiu com a vontade de sua alma, tentando salvar seus amores, ele não conseguiu tal feito e se desesperou,sua alma perdeu-se nos caminhos espirituais do reino das chamas, toda sua paz foi incinerada e a paz encarnada : Tornou-se a fúria em alma, vagando pelos caminhos da chama eterna e rompendo as portas da sagrada casa dos senhores do fogo, seu ódio era tanto que ele derrotou e se alimentou de todas as almas sagradas, se apossou do poder do "sangue espiritual", proclamou-se o senhor supremo das almas brilhantes, misturou seu ódio com a fonte de todas as chamas; tornando-se uno com todo fogo que ardeu, arde ou arderá.


 Desde então, toda chama é envolta pelo seu ódio, toda chama carrega a revolta de sua perda irreparável e não descansará até encontrar os responsáveis pelo fim de sua paz, os espíritos responsáveis por tudo aquilo, escondem-se até hoje, amaldiçoados pelos Anciões das estrelas, a vagarem pelos mundos sem destino, presos no pesadelo que eles criaram : O Senhor do fogo sem fim, é um Xamã preso em sua própria agonia, sentenciando sua existência a um propósito inconsequente.


 Enquanto isso, A grande Águia anseia pelo regresso de sua alma mais valiosa e fiel, dizem os Anciões das estrelas : Um dia, ele encontrará a paz novamente...

( Xamã - Alma da montanha )