quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Asherá, esposa de Deus. A Deusa consorte de Yahweh






A presença da Deusa em Israel (Do Bronze ao Ferro)

Conforme a pesquisadora Monika Ottermann (2004), que traça o panorama da presença da Deusa em Israel, da Idade do Bronze à Idade do Ferro, no Oriente Médio, datando a Idade do Bronze Médio (1800-1500 a.E.C), a representação da Deusa é caracterizada como “Deusa-Nua”, destacando o triângulo púbico, emergindo também representações em forma de ramos ou pequenas árvores estilizadas, combinação que vem a ser denominada “Deusa-Árvore”.
Na Idade do Bronze Tardio (1550-1250/1150 a.E.C), a Deusa-Árvore apresenta duas mudanças, aparecendo em forma de uma árvore sagrada flanqueada por cabritos ou como um triângulo púbico, que substitui a árvore. Neste período, já se nota a tendência de substituição do corpo da Deusa pelos seus atributos, em especial a árvore. Aparece,
na passagem do BM para o BT uma mudança decisiva no campo das figuras de material mais precioso: as Deusas Nuas foram substituídas em grande parte por deuses guerreiros como Baal e Reshef (...) o encontro dos sexos fica claramente relegado ao segundo plano e é substituído por representações de legitimação, luta, dominação e lealdade político-imperial (Ottermann, 2004: 5).
A Deusa continua perdendo representatividade na religião oficial, onde divindades masculinas ganham cada vez mais força, principalmente a partir de características dominadoras e guerreiras. Na Idade do Ferro I (1250/1150-1000), a forma corporal da Deusa-Árvore vai desaparecendo enquanto que formas de animais que amamentam filhotes, às vezes com a presença de uma árvore estilizada, ganham cada vez mais espaços na glíptica, significando a prosperidade e a fertilidade. A presença da Deusa fica relegada aos espaços de religiosidade das mulheres.


Na Idade do Ferro IIA (1000-900 a.E.C), início da formação do javismo as Deusas passam a ser simbolizadas por seus atributos. A forma vegetal da Deusa confunde-se com seu símbolo, a árvore estilizada, sendo que muitas vezes é substituída por ele. Entendemos essas imagens como representações da Deusa Asherah.
Na Idade do Ferro IIB (925-720/700 a.E.C), Israel e Judá apresentam diferenças no âmbito simbólico. Os documentos epigráficos de Kuntillet Adjrud e de Khirbet el-Qom destacam um vínculo estreito entre Asherah e Yahweh, o que acima de tudo demonstra um contexto politeísta, onde se adoravam a várias divindades femininas e masculinas.
Na Idade do Ferro IIC (720/700-600 a.E.C), a Babilônia derruba a Assíria e passa a dominar Israel e Judá. Neste período encontramos o símbolo tradicional da Deusa, a árvore e o ramo. Vários selos ou impressões de selos que associam símbolos astrais com árvores estilizadas foram encontrados na Palestina e na Transjordânia, o que reforça interpretações sobre a existência de um culto a Deusa Asherah ao lado do Deus Yahweh. É principalmente na forma de árvore estilizada que, ao longo de séculos, Asherah esteve presente em Israel.
Mas é sobretudo na época pós-exílica que as vertentes políticas e religiosas dominantes vão excluir e proibir a presença de uma divindade feminina dentro do javismo (Ottermann, 2005:.52).
Evidências arqueológicas da Deusa Asherah
As primeiras evidências de Asherah aparecem em textos cuneiformes babilônicos (1830-1531 a.E.C) e nas cartas de El Armana (século XIV a.E.C) (Neuenfeldt, 1999:.5).
Para o pesquisador Ruth Hestrin (1991: 52-53), informações importantes sobre Asherah vêm dos textos ugaríticos de Ras Shamra (Costa Mediterrânea da Síria). Nestes textos, Asherah é chamada de Atirat, consorte de El, principal Deus do panteão cananeu no II milênio a.E.C.


como ‘Elat, forma feminina de El. Nos textos ugaríticos, Asherah (ou seja, Atirat ou ‘Elat) é a mãe dos Deuses, simbolizando a Deusa do amor, do sexo e da fertilidade.
Também foram escavados vários pingentes ugaríticos que retratam uma Deusa, provavelmente Atirat/ ‘Elat. A figura humana estilizada nestes pingentes contém o rosto, os seios e a região púbica e uma pequena árvore estilizada gravada acima do triângulo púbico.
Em 1934, o arqueólogo britânico James L. Starkey encontrou o jarro de Lachish, datado aproximadamente no 13º século a.E.C, provavelmente ano 1220.
O jarro é decorado e contém inscrições raras do antigo alfabeto semítico. Na decoração há o desenho de uma árvore flanqueada por duas cabras com longos chifres para trás, que, segundo Ruth Hestrin, representa Asherah. Uma inscrição que segue pela borda do jarro tem sido reconstruída e traduzida por Frank M. Cross, como: “Mattan. Um oferecimento para minha senhora 'Elat”.
Não se sabe quem é Mattan, mas está claro que ele faz uma oferenda para 'Elat, que é o feminino para El, chefe do panteão cananeu no II milênio a.E.C, equivalente ao pré-bíblico Asherah. Nota-se um dado importante, o nome 'Elat está escrito logo acima da árvore, representação de 'Elat/ Asherah. Há uma possibilidade deste jarro e seu conteúdo terem sido uma oferenda à Deusa (Hestrin, 1991: 54).
No entanto, foi no templo de Arad, no Neguev, ao sul de Jerusalém, que se encontrou fortes evidências de Asherah. No santuário interno foram encontrados dois altares diante de um par de pedras verticais, possivelmente lugar de culto a Yahweh e Asherah. Um outro altar foi encontrado no pátio externo do templo com tigelas dos sacerdotes e cinzas de ossos de animais queimados, no canto uma irmandade local e altares com pedras duplas (Discovery, 1993). Segundo Elaine Neuenfeldt (1999:.6), o templo é datado aproximadamente da época do Bronze Recente, entre o 10º e 8º séculos a.E.C., quando possivelmente a reforma de Ezequias o extinguiu (2Rs 18).
Em Khirbet el-Qom, ao oeste de Hebron, em 1967, outro arqueólogo encontrou um túmulo judaico da segunda metade do século VIII (Discovery, 1993), com uma inscrição na parede interior que Severino Croatto (2001:.36) traduz como:
1. Urijahu (...) sua inscrição.
2. Abençoado seja Urijahu por Javé (lyhwh)
3. sua luz por Asherah, a que mantém sua mão sobre ele
4. por sua rpy, que...
Segundo Hestrin, em 1975-1976, o arqueólogo israelita Ze’ev Meshel, em Kuntillet Adjrud, 50km ao sul de Qadesh-Barnea, na antiga estrada de Gaza a Elat, escavou uma pousada no deserto que continha várias inscrições. Controlado por Israel, este posto estatal encontrava-se em território de Judá, funcionando aproximadamente entre 800-775 a.E.C. No prédio principal, em sua entrada, duas jarras de armazenagem com desenhos e inscrições foram encontradas e identificadas como pithos A e pithos B. Na inscrição do pithos A se lê:
Diz... Diga a Jehallel... Josafa e...”:
Abençoo-vos em YHWH de Samaria e sua Asherah.
No pithos B se lê:
Diz Amarjahu: Diga ao meu Senhor: Estás bem?”.
Abençoo-te em YHWH de Teman e sua Asherah.
Ele te abençoa e te guarde e com meu senhor.
Neste pithos aparecem três figuras, duas masculinas retratos do Deus egípcio Bes e uma claramente feminina (seios em destaque) tocando uma lira.
Ruth Hestrin (1991: 55–56), aponta ainda que em outra pintura egípcia, do túmulo do Faraó Tuthmosis III, está retratada uma Deusa na forma humana no tronco de uma árvore, apresentando alimento para o rei através do seio que é sustentado pelo braço, ambos saindo da árvore.

Willian Dever (Discovery: 1993) também aponta a dama-leão como uma forte evidência de que Asherah existiu como Deusa no início de Israel. No mundo antigo, o leão quase sempre acompanhou o Deus chefe. Em uma estela egípcia a Deusa despida em cima de um leão é chamada de Qudshu, que para William F. Albright e Frank Cross é o equivalente egípcio do ugarítico ‘Atirat/ ‘Elat e do bíblico Asherah. Em outra figura a árvore sagrada que representa Asherah é colocada em cima de um leão (Hestrin, 1991: 55-57).
Em 1968, o arqueólogo americano Paul Lapp escavou um outro artefato muito famoso em Taanach, datando ao final do 10º século a.E.C (Hestrin, 1991: 57). Num dos quartos da instalação cúltica foram encontrados prensa de óleo, forma para fazer figuras de Asherah, sessenta pesos de tear e 140 ossos de articulações de ovelhas e cabras (Neuenfeldt, 1999: 7).
Um quadrado oco de terracota, aberto na base, composto de quatro níveis ou róis também foi encontrado. Conforme Ruth Hestrin (1991: 57-58), no rol inferior, uma mulher nua flanqueada por dois leões é mais uma representação de Asherah, Deusa-mãe, o que é similar á estela egípcia com Qudshu. No segundo rol temos uma abertura vazia no meio (provavelmente a entrada do templo) flanqueada por duas esfinges (corpo de leão, asas de pássaros e cabeça de mulher). O terceiro rol traz uma árvore sagrada da qual saem três pares de galhos, simbolizando a Deusa principal, Asherah, consorte de Baal e fonte da fertilidade, sendo flanqueada possivelmente por duas leoas. No rol superior temos um touro sem chifres, com um disco de sol em cima, o que simboliza o Deus supremo não só na Mesopotâmia e no panteão hitita, como também no panteão cananeu. O jovem touro representa Baal, principal Deus do panteão cananeu, que no II milênio substituiu El, cabeça do panteão.
Em 1960, a arqueóloga inglesa Kathyn Kenyon descobriu centenas de estatuetas femininas quebradas em uma caverna perto do templo de Salomão em Jerusalém, para vários estudiosos essa descoberta sinalizou a existência do templo, para outros determinou o fim dos cultos pagãos pelo rei Josias, o qual ordenou a destruição de todos os vasos feitos para Baal e Asherah (Discovery, 1993).


Todas essas descobertas são fortes evidências da existência da Deusa Asherah. Parece claro que por determinado tempo essa Deusa teve mais espaço e representatividade na vida do povo em Canaã/ Israel, até ser taxada como a causa de todos os males que o povo estava sofrendo nas mãos de seus dominadores, em especial na época da dominação Babilônica, com toda experiência de destruição e exílio,
Aserá, na maioria do tempo venerada sob o corpo de uma árvore, era, inicialmente, a parceira de YHWH, mas com o crescente desenvolvimento do javismo como religião de um deus masculino, transcendente e único, ela foi taxada como sua maior rival e inimiga (Ottermann, 2005: 48).
A existência da Deusa Asherah remonta uma época de adoração a vários Deuses e Deusas, antes da ascensão do Javismo,
o culto da Deusa Árvore Asherah realizava-se, principalmente, em torno de uma árvore natural ou estilizada, ou seja, de um poste sagrado que podia estar ao lado de um altar seu ou de uma outra divindade, inclusive YHWH. Porém, seu culto foi realizado, de preferência, debaixo de uma árvore natural, nos chamados 'lugares altos', santuários ao ar vivo no topo das colinas e montanhas. Na maioria do tempo, uma imagem ou símbolo de Asherah estava também presente dentro do próprio templo de Jerusalém (Ottermann, 2005:.49).
É fato que a nova religião, centrada em Yahweh, vai se construindo e se impondo a partir da proibição a qualquer tipo de representação religiosa que não fosse Yahweh.
De politeísta Israel passa a se constituir monoteísta, pelo menos na religião oficial. Provavelmente, adorações a Deuses e Deusas dentro das casas continuaram por longo tempo, como forma de resistência. A centralização no Deus único, Yahweh, que neste processo também se apropriou das funções de Asherah, custou caro aos outros Deuses e Deusas que compartilhavam da mesma cultura. Esta proibição atingiu a vida de homens e mulheres, que ali encontravam uma significação religiosa.

Seria ingênuo querer defender, neste contexto, uma sociedade no antigo Israel onde havia reciprocidade entre os sexos, pelo simples fato de existirem as Deusas. Pelo contrário, como reflete Simone de Beauvoir (2002:.91), o culto a Deusa se dá dentro de um contexto patriarcal, onde a perda de representação da Deusa atinge profundamente e principalmente ao universo religioso das mulheres, sendo que, o culto a Asherah vai sobrevivendo, até ser definitivamente extinguido e proibido, dos espaços, das mentes e dos corpos, de homens e mulheres que tinham em Asherah uma fonte de significação para a vida.
É nesse contexto patriarcal, que Yahweh se torna uma forte representação do masculino no sagrado, justificando a dominação masculina, tanto no âmbito social, econômico, político, como religioso. A religião oficial israelita absorve então uma identidade somente masculina, onde o feminino passa a ser relegado ao espaço particular das mulheres.
Por isso, é extremamente importante uma memória da Deusa, em especial Asherah, consorte de Yahweh, não só numa tentativa de reconstruir a história do antigo Israel, mas principalmente dar espaço e voz às divindades femininas, que são uma possibilidade de identificação sagrada das mulheres, em busca de relações mais recíprocas e humanizadas entre os gêneros.


Fonte: Dossiê Religião
N.4 – abril 2007/julho 2007 ( Ana Luisa Alves Cordeiro)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A árvore de Huluppu ...

















Nos primeiros dias, nos primeiros dias,
Nas primeiras noites, nas primeiras noites,
Nos primeiros anos, nos primeiros anos

Nos primeiros dias, quando tudo o que era necessário foi trazido à existência
Nos primeiros dias, quando tudo o que era necessário foi alimentado como devia
Quando o pão foi cozido nos templos desta terra
Quando o pão foi provado [por todos] nos lares desta terra
Quando o Firmamento se separou da Terra
E a Terra foi separada do Firmamento
E o nome do homem foi fixado
Quando o deus do Firmamento, Anu, carregou consigo os céus
E o deus do Ar, Enlil, carregou consigo a Terra,
Quando à Rainha das Grandes Profundezas,
Ereshkigal, foi dado o Mundo Subterrâneo
para seu reino

Ele zarpou: o Pai zarpou
Enki, o deus da Mágica, das Artes e da Sabedoria, zarpou para o Mundo Subterrâneo.
Pequenas lufadas de vento foram lançadas sobre ele
Grandes chuvas de granizo foram jogadas contra ele
Avançando velozes feito tartarugas gigantes
Elas se lançaram contra a quilha do barco de Enki.
As águas do mar devoraram a proa do barco de Enki como lobos [ferozes]
As águas do mar jogaram-se contra o barco de Enki como leões [famintos]

Naquela época, uma árvore, uma árvore única, a Árvore de Hulupu,
Foi plantada às margens do Eufrates.
A árvore foi nutrida pelas águas do Eufrates.
Um dia, porém, o Vento Sul soprou e começou a levantar as raízes da
árvore de huluppu,
E arrancar seus galhos
Até que as águas do Eufrates carregaram consigo a grande árvore.

Uma jovem, que caminhava pelas margens do rio
Arrancou a árvore de onde estava [à deriva] e disse:
- Vou levar esta árvore até a minha cidade, Uruk.
- Vou plantar esta árvore no meu jardim sagrado.
Inana cuidou da árvore com suas próprias mâos.
Ela assentou a terra ao redor da árvore com seu pé.
Ela começou a imaginar:
- Quanto tempo vai passar até que eu tenha um trono de luz para sentar?
- Quanto tempo vai passar até que eu tenha um leito de luz para me deitar?
Os anos se passaram; cinco anos, então dez anos.
Os anos passaram, cinco anos, então dez anos
A árvore cresceu em espessura
Mas sua casca não se partiu
A serpente, que não podia ser enganada por encantamentos ou artes
Fez seu ninho nas raízes da árvore de hulupu
O pássaro Anzu e seus filhotes fizeram um ninho nos galhos da árvore
E a traiçoeira donzela Lilith fez do tronco da árovore de Hulupu o seu lar.

.A jovem que adorava rir, chorou
Como Inana chorou!
Mas mesmo assim nem a serpente, o pássaro Anzu ou Lilith deixaram a árvore sagrada.

Um dia, porém, quando um pássaro começou a cantar anunciando a chegada do alvorecer,
O Deus Sol, Utu, deixou seus aposentos reais,
Inana então chamou por seu irmão Utu, e lhe disse:
- Utu, nos primeiros tempos, quando foram decretados os destinos
Quando nada faltava a esta terra
Quando o Deus do Firmamento levou consigo os céus
E o Deus do Ar levou consigo a Terra,
Quando Ereshkigal escolheu o Mundo Subterrâneo para seu reino,
Quando Enki, o Deus das Artes, da Mágica e da Sabedoria,
zarpou para as Grandes Profundezas,
E o Mundo Subterrâneo ergueu-se para atacá-lo,
Naquele tempo, uma árvore, uma árvore única, a Árvore de Hulupu,
Foi plantada às margens do Eufrates.
O Vento Sul empurrou as raízes da árvore sagrada, quebrou seus galhos,
Até que as águas do Eufrates carregaram a Árvore de Hulupu.
Então, eu tirei a árvore sagrada das águas do rio,
Levando-a para o meu jardim, em Uruk.
Lá, eu mesma cuidei da Árvore de Hulupu,
Enquanto esperava pelo meu trono e leito de luz.

Então uma serpente, que não podia ser enganada por encantamentos ou artes,
Fez seu ninho nas raízes da árvore de Hulupu.
O pássaro Anzu fez para si e seus filhotes um ninho nos galhos da árvore sagrada,
E Lilith, a donzela rebelde e morena, fez do tronco da árvore de Hulupu o seu lar.
Vendo todos eles tomarem conta da minha árvore,
Eu chorei, ah, como eu chorei!
Mas mesmo assim nenhum deles deixou a minha árvore.

Utu, o valente guerreiro, Utu o deus Sol,
Não se prontificou a ajudar Inana.
[ e ela chorou ainda mais, mas não desistiu]

Quando os pássaros começaram a cantar, anunciando a chegada do alvorecer do outro dia,
Inana chamou seu irmão Gilgamesh, dizendo:
- Ah, Gilgamesh, nos primeiros tempos, quando foram decretados os destinos
Quando nada faltava a esta terra
Quando o Deus do Firmamento levou consigo os céus
E o Deus do Ar levou consigo a Terra,
Quando Ereshkigal escolheu o Mundo Subterrâneo para seu reino,
Quando Enki, o Deus das Artes, da Mágica e da Sabedoria,
zarpou para as Grandes Profundezas,
E o Mundo Subterrâneo ergueu-se para atacá-lo,
Naquele tempo, uma árvore, uma árvore única, a Árvore de Hulupu,
Foi plantada às margens do Eufrates.
O Vento Sul empurrou as raízes da árvore sagrada, quebrou seus galhos,
Até que as águas do Eufrates carregaram a Árvore de Hulupu.
Então, eu tirei a árvore sagrada das águas do rio,
Levando-a para o meu jardim, em Uruk.
Lá, eu mesma cuidei da Árvore de Hulupu,
Enquanto esperava pelo meu trono e leito de luz.
'
Então uma serpente, que não podia ser enganada por encantamentos ou artes,
Fez seu ninho nas raízes da árvore de Hulupu.
O pássaro Anzu fez para si e seus filhotes um ninho nos galhos da árvore sagrada,
E Lilith, a donzela morena e rebelde, fez do tronco da árvore de Hulupu o seu lar.
[Vendo todos eles tomarem conta da minha árvore,]
Eu chorei, ah, como eu chorei!
Mas mesmo assim nenhum deles deixou a minha árvore.

Gilgamesh, o valente guerreiro, Gilgamesh,
O herói de Uruk, prontificou-se para ajudar Inana.
Gilgamesh ajustou sua forte armadura no peito
A pesada armadura tinha peso de penas para o grande herói
Ele levantou pesado machado de bronze, o machado {que abre caminhos],
E colocou-o no ombro.
[Assim preparado], Gilgamesh entrou no jardim sagrado de Inana.

Gilgamesh bateu na serpente que não podia ser encantada.
O pássaro Anzu voou com sua ninhada para as montanhas,
E Lilith destruiu sua casa e fugiu para um local selvagem e desabitado.
Gilgamesh então afrouxou as raízes da árvore de Hulupu,
E os filhos da cidade, que o acompanharam, cortaram os galhos da árvore sagrada.

Do tronco da árvore, ele esculpiu um trono para sua divina irmã,
Do tronco da árvore, Gilgamesh esculpiu um leito para Inana.
Das raízes da árvore ela fez um bastão para seu irmão,
Dos galhos, a coroa da árvore de Hulupu, Inana fez um tambor para Gilgamesh
O herói de Uruk

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Bruxa de Edon ...


Nada mais repugnante do que a privação da própria vontade, viver a vida de outro, é não respeitar a viceral manifestação do prazer pessoal, viver algo além de sua existência é ser iludido e manipulado inconscientemente pelo ego alheio. É o escravo de um pensamento, de uma referencial que não pertence a sua teia, já basta o ego pessoal, muitos reforçam sua atestação de fraqueza sendo corrompidos por "vivências alheias" . Assim, como nos sonhos, sempre chega a hora de acordar...

(Safiria Samira Mello'beth.A rainha dos morcegos) L.L.L...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Bruxa astral ...


Somos o todo a nossa volta, a autêntica Divindade reside em cada um de nós , preserve a esperança, o inominável senhor da eternidade nos assiste em tudo que acreditamos. feche seus olhos e acredite, você é o receptáculo do princípio, meio e fim, com o despertar vai entender e admirar a "imperfeita perfeição universal".

(Sara. A rainha da Luz) L.L.L...

Bruxa astral...


" Acredite no futuro e nas circunstâncias integradas com a mesma substância e importância que tem pelo presente, quando finda um propósito hoje, está criando o seu eu de amanhã, o humano interagi com o tempo, nascendo e morrendo a todo instante, preserve seus intuitos, pois, negando o que é hoje, deixará de existir amanhã, nunca somos a mesma persona, o tempo é uma eterna realidade em mutação"...
(Kaladrir. A Mayfair que tudo vê) L.L.L...

Bruxa elemental ...


"Siga o fluxo da vida, contemplando toda a beleza que a naturalidade possa oferecer, percorra seu destino, buscando preservar o frescor dos ventos em suas lembranças. A vida e tudo que faça é como o inevitável destino de um rio, tem sua nascente, seu córrego que encontra muitas adversidades e mesmo assim continua fluindo, seu desaguar é na vastidão marítima, representando a grandeza e sabedoria obtida através da perseverança"..

( Hukushima. A rainha das pétalas) L.L.L...

Necromante...


" Sou o Morto, a Morte e o Coveiro. Eu sou a trindade funesta emanada do âmago da Necrogenesis, meu reino é feito de ossos e inexistência, sou o ultimo suspiro da ante-câmara do fim, a nuvem de insetos que devora toda a vida, deixando um rastro de terror e agonia"...
(Amsterdan. O senhor do funeral) L.L.L...

Mago do Caos...


" "Detenha sua fé e esperança, esqueça tais conceitos patéticos, abandone sua razão e atravesse sua alma com a lâmina do Caos e verá seus pensamentos moldados na realidade, torne-se coeso com sua vontade mais bizarra, recuse o impossível e seja infinito"...
(Ballur. O pensamento fecundante) L.L.L...

Feiticeira astral




"Brincadeiras na meia-noite, grande momento, movimento de esferas, o rugir da grande fera sanguinea que reina nas sombras de toda a vida. Esqueceremos os fracos de alma e mente, conjuremos a força viva, fortificando nossos inimigos, sejam bravos e fortes ao extremo, assim, vitória será notável e marcante,seus corpos, suas mentes e almas acoitadas pelo chicote cor de sangue"...
Sagrado Coração do Inferno / L.L.L...

Feiticeira astral




"Não busque compreender sua natureza, simplesmente siga seus instintos, liberte sua alma dos grilhões da terra e aventure-se pela diversa teia de caminhos pra trilhar, seja bom, mal ou pior, seja o que você realmente é, não se esconda, encare as trilhas de Pambu..
Zula. A vibora / L.L.L...

Bruxa astral ..




"Encare suas batalhas com todo sentido que sua mente lhe proporciona, alia-se ao ódio e tenha em suas mãos o controle da sombra, tal como um maéstro conduz uma sinfonia, terá nas sombras, muitas possibilidades mortíferas, invoque seus sentimentos mais profundos e horroríficos. Funda-se com sua natureza primitiva, você é tudo aquilo por detrás do espelho"...
(Guilhermina Callbot) : Vulgo "Bruxa das trevas" / L.L.L...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

As Lágrimas de Serafina ..



Minhas lágrimas são a mais pura sinceridade, despejo sobre meu rosto as lamúrias do meu ser. Uma grande saudade me assola, sinto-me despedaçada, partida, incompleta, sempre quando estou triste, olho pela janela, orando por alguém que não tenho certeza da existência, mas em algum dia reservado a mim neste imprevisível futuro, eu encontre o que tanto almejo, a minha outra parte, espero que eu encontre essa saudade e essa dor angustiante passe.
Os anjos nada me falam sobre isso, apenas me pedem paciência. Os senhores da luz sussurram em minha mente, algo que não consigo entender, mas parece claro que não é chegada a hora, tenho que esperar, enquanto isso, observo os morcegos e choro, não sei o por que, por qual motivo, mas, quando vejo esse animal, essa dor aumenta e meu coração aperta, não consigo controlar minhas emoções. Quando estou muito triste, as fadas me visitam, as borboletas brincam a minha volta, pousam nos meus cabelos, gosto de conversar com elas, pequeninas amigas, a madre superiora já me proibiu, mas,os senhores da luz falaram em minha mente que não há problema, pois tudo faz parte da grande natureza Divina, desde fadas até o mais nefasto espirito.
Sonho repetidamente com uma linda mulher de cabelos alvos como a neve, com uma linda pomba branca em seu ombro, vestes claras e marcas em sua pele, desenhos em seus anti-braços e rosto, olhos claros como o meu, ela acarícia meus cabelos e diz que tudo ficará bem, ela me chama de filha e eu a chamo de mãe, não posso afirmar que ela é realmente a minha geradora, pois nunca a conheci. Uma vez eu conheci minha tia, mas, ela era muito diferente dessa mulher, o nome dela é Rouge Rotte, ela é linda e muito estranha, ela me dá medo. As madres superioras comportavam-se de maneira muito estranha no dia que ela me visitou, elas estavam mais apreensivas do que o normal, pareciam temer mais a minha tia do que o próprio Cardeal em uma de suas raras visitas ao convento. Espero que algum dia eu tenha uma família, a minha tristeza passe e tudo seja como em meus sonhos, Pelo sangue de Ana, Maria e Madalena...

( Serafina Samara Mello'beth )