terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sangue. Circo e a triste alegria...






Havia um fabuloso circo nos tempos antigos, Paris ainda pairava em sombras e vastos bosques, naquela grande tenda encantada , sempre houve luz e alegria, pessoas sorrindo , embora sem dentes , não se importavam, sensações indescritíveis eram manifestadas pelo espetáculo, com seus artistas maravilhosos que trabalharam em prol do entretenimento. Naqueles picadeiros, muitos impressionaram-se com a expantosa força do "Ogro", emocionaram-se com as profecias da vidente, ficaram amendrontados com as façanhas do mágico, mas, dentre todos os personagens, uma pessoa chamava atenção, o palhaço, o auge da felicidade de um picadeiro, embora fosse a maior atração, não tinha essa mesma energia em sua vida.
Stanley sempre se recusou a tirar a maquiagem , nunca quis voltar a ser o que era, nunca aceitou provocar tanta alegria e saber que isso não era um atributo da sua vida. Quando chegavam em grandes cidades, sua primeira procura era um lugar pra inebriar-se, beber pra esquecer sua tristeza que o assola desde os primórdios da sua existência , foi numa dessas andanças, onde ele descobriu a terrivel atitude ,algo inumado e sádico, o despertar de sua alegria,grande sorriso e satisfação.
Numa noite sem luz, ele experimenta o néctar do ódio, a maldade pura que logo corromperia sua alma triste. Crianças sorrindo era sua maior revolta, ele ligou isso a sua insatisfação e começou a cobrar da inocência algo que o destino lhe privou, tornou as lágrimas e o desespero das pequenas vítimas de sua alma atormentada, a fonte de suas gargalhadas...
No começo de sua busca por aquela sensação , ele era envolto de remorso, devido a suas atitudes monstruosas, seu ato demoníaco, sua única fonte de paixão, como toda ação, com o tempo se torna algo cotidiano, quando regido pelos prazeres insanos e desejos corrompidos.

" O ultimo sorriso de um palhaço insano "

Suas apresentações estavam no auge, Stanley nunca tinha ouvido tantos aplausos, desde o principio de sua conduta insana, parecia lhe dar forças, lhe proporcionava ânimo pra viver e fazer seus expetadores chorarem de tanto gargalharem, mas sua tristeza, logo aparecia e ele vagava pelas noites, buscando uma única inocência pra ceifar, lágrimas pra saciar sua sede infernal. Vagou pela penumbra da noite e não encontrou seu desejo, se viu em desespero, consumido por sua insatisfação, se tornou o que era novamente, havia muito tempo que seu rosto não era manchado pelos rios da angustia, encontrava-se em choque, consumido pela insatisfação e ódio, por não conseguir consumar o ato que ele imaginava como a única fonte de alegria que lhe restava na vida. A noite começava a abandonar aquelas terras, ele não tinha outra escolha, senão esperar sentando naquele cruzamento, o Sol e a lua estavam um de frente ao outro e no horizonte, parecia enxergar o que ele via como sua fonte de alegria, vindo da noite , inocência de cabelos loiros e vestes alvas, tranquilamente para no mesmo cruzamento em busca de flores que bela visão para os olhos de um homem de alma corrompida.

Stanley...
-quer brincar?
Inocência ...
-Sim, vamos pra minha casa,aceita ir pra lá, Stanley ?
Stanley...
-Como sabe o meu nome?
Inocência...
-Gostei muito de você...

Desde então, ele nunca mais foi visto vagando pela noite, buscando suas vitimas, foi levado por seu maior desejo , devorado por sua loucura...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sacré Messaline . O antro de Satã...




" Contarei uma duvidosa lenda sobre um discreto bordel Parisiense, frequentado por grandes homens da sociedade européia e por pessoas misteriosas, sociedades secretas com critérios etéreos além da compreensão do mundo se encontravam e discutiam o destino e princípios de assuntos não-convencionais, há muitos segredos guardados por aquelas paredes, elas escutam muito bem , mas seus lábios são selados. Posso dizer que tudo pode ter acontecido no fim do século 14 , não confirmo e nem atribuo a verdade ao conto , porem, não duvido dos meus sonhos"

Muitos atribuem as lendas e mistérios do Bordel a uma mulher , Rouge Rote, a dama de negro que administra com punho de aço a magnifica casa de diversões profanas para cavalheiros e damas inclinados a saborear do prazer infernal que as lindas mulheres daquela casa podem proporcionar, os mais poderosos homens já se apaixonaram pelas mulheres da casa , alguns dizem que elas não envelhecem, existem fregueses de décadas , com suas barbas brancas constituídas pelo rigoroso passar dos anos que atestam que são clientes da mesma mulher a mais de 40 anos e ainda não viu um fio grisalho em suas belas madeixas.
Um velho homem , seus 70 anos ,numa roda de amigos,num dos cantos do Bordel, conta um antigo rumor que ele presenciou na sua juventude, o evento que incitou essa lenda, diz que foi um dos primeiros clientes daquela casa e esteve na inauguração , onde Rouge Rote exerceu o oficio de meretriz pela primeira e ultima vez, naquele dia, Rouge foi a estrela da noite , brilhante em meio a tanta escuridão e luxuria , parecia um anjo imaculado, sua virgindade foi negociada, entre os poderosos homens de Paris.

A generosidade do alto escalão social estava em fúria , os homens mais poderosos da Europa estavam cobiçando o corpo da virgem Rouge como templários em busca do Santo Graal , altos lances embalavam a noite com a esperança de emacular aquela que definiam como um anjo na terra, com seu olhar inocente e seu sorriso sádico, parecia ser a pura mistura entre o céu e o inferno. homens enlouquecidos esqueciam o valor do dinheiro e os critérios do limite, os lances já beiravam uma considerável fortuna e o embate conduzido pelo desejo ainda estava indefinido. Rouge era pra eles a maça dos contos de adão e eva, mas não contavam que a serpente teria uma conduta diferente naquela noite.

Tabeliã:

-Aqui estamos , nos últimos estantes do leilão, oferecendo a virgindade de minha mais nova aquisição a casa, senhorita Rouge Rote, deem seus últimos lances

A multidão de pessoas davam seus lances, eram tantos que era difícil acompanhá-los, mas, havia uma distinta dama sentada entre os homens , vestida com o mais vermelho dos tecidos, elegante chapéu e longa piteira, cabelos loiros contidos por um penteado conservador, seus olhos ocultados por um pequeno véu.

A dama de vermelho:

-Ofereço seu peso em ouro...

Por breve momento, todo o salão fica em silêncio e a tabeliã e dona do estabelecimento fica realmente impressionada com a oferta, desacredita que tal oferta seja verídica.

Tabeliã:

- Pode provar que possui tal riqueza, distinta dama ?

A dama de vermelho:

- Providencio , muito mais do que o peso desta jovem neste exato momento !

A dama de longo vestido cor de sangue caminha em direção ao pupito e suavemente apoia seus dedos no queixo da dona do bordel e lhe concede um beijo calmo e suave, logo a mulher de corpo farto se torna uma estatua de puro ouro e com um estalar de dedos, ela faz a estatua em pedaços, ela calmamente segura em uma das mãos de Rouge Rote e sobe as escadarias do Bordel retirando suas roupas no caminho , suas vestes pareciam cair conforme ela andava, seus cabelos soltos foram ao chão, dourados como o Sol. Os homens, até os mais ricos , foram tomados pela ganância e lutaram por pedaços daquele ouro, mas quando retomam a consciência , deparam-se com a mais pura bestialidade, pedaços do que um dia foi aquela mulher em suas mãos , uma imensidão de homens ensopados de sangue.

" Diz o velho homem para seus amigos : Aquela mulher é Lilith, ela tomou pra si Rouge Rote como sua filha , observo Rouge e a vejo como há quarenta anos atrás, a única coisa que não sobreviveu , foi seu olhar angelical,depois daquele dia , seu semblante tornou-se completamente frio .. Rouge é a filha da Rainha do inferno, Fez sexo com a própria mãe e lhe foi concedida a longevidade e o dom de tornar longa a vida de quem a segue, já vi os mais poderosos homens ficarem na miséria, ao se encantarem por Rouge, tornando-se escravos a merce de suas vontades, ela é a perdição renascida em corpo de mulher" ..