domingo, 1 de julho de 2012

Lembranças de Brigith ....



A muito tempo atrás, fui a mais linda das feiticeiras, a tanto tempo que mau consigo lembrar da maioria dos fatos. Desde muito pequena, sempre fui tomada por uma grande curiosidade por tudo a minha volta, minha mãe era uma curandeira, seu nome era Brid"yn, uma mulher bondosa, sempre disposta a ajudar a todos com seus cuidados, preparados, chás, auxiliando os feridos, dando de comer aos necessitados, abençoando colheitas e mais colheitas, pedindo a Deusa de nosso sangue, a divina Cybele que fizesse os grãos plantados crescerem com força e muita sustância, minha mãe convocava os daemons da terra, para afastar as pragas que assolam os campos de cultivo. Eu sempre peregrinava com a minha mãe por todos os cantos que ela ia, ajudando-a no que fosse preciso, desde muito pequena, por ser muito curiosa e medianamente astuta, tive facilidade de encontrar ervas pra ela, nunca temi as florestas fechadas, pedia a Deusa Cybele que afastasse seus filhos mais perigosos e sempre fui atendida, os espíritos da terra, protegiam-me com muito afinco, os animais nunca foram o maior perigo das matas fechadas, o problema sempre foram os homens, eu ainda menina, tinha um corpo muito maduro, uma altura incomum pra minha idade, tendência familiar, já deparei-me com homens maus intencionados dentro dos bosques, enquanto eu estava colhendo ervas, raízes e flores, homens engraçados, quando eles tentavam algo, eu sempre usava meu pó da feiura, eu jogava todo o preparado sobre meu rosto e ficava horripilante como pio de uma coruja.
Falando em família, eu tenho duas irmãs, a mais velha era Brigid, essa minha irmã era uma mulher difícil de se lidar, mau humorada, impetuosa e muito esquentada, ela nunca saía de casa, ela era a responsável pela nossa casa, quando minha mãe estava peregrinando pelos campos, ajudando os agricultores e enfermos, também era ela que preparava os uguentos e poções curadoras pra minha mãe, aprendi com ela, quase tudo que sei sobre ervas, como identificá-las, como colher e preparar, encantar as poções, nunca fomos muito próximas, ela era muito severa e me batia muito quando eu fazia alguma besteira, contrário da minha outra irmã, Brigida, amava minha irmã do meio com muita intensidade, a amava tanto quanto eu amava a minha própria mãe, ela era muito bonita e amável, sempre disposta a ajudar, muito parecida com nossa mãe, ela sempre me defendia das agressões de Brigid, as vezes apanhava junto comigo ou simplesmente colocava-se sobre meu corpo e tomava os golpes de vassoura por mim, não imagino por que Brigida despedaçou meu coração, traindo-me com tanta ferocidade, sempre esperei algo assim de Brigid, nunca confiei nela, eu tinha muito medo dela, mas, o destino me provou que os gritos de Brigid, eram puros e sinceros e toda bondade e protecionismo de Brigida, era parte de uma máscara que caiu por terra a muito tempo, pereceu juntou com o meu amor por ela.
Por uma de nossas viagens, nos alocamos com um coven de bruxas ao extremo sul de nossa terra, mulheres lindas que cultuavam os Deuses de nossa fé e também prestavam homenagens aos Deuses dessa terra, eram mulheres negras de cabelos lisos como os nossos, um clã que surgiu com a mistura do nosso sangue com o sangue do povo daquela terra, o que eu soube na época, é que devido a uma antiga guerra, muitas famílias foram banidas de nossa terra peregrinaram para esta e copularam com eles, era uma terra linda, perto do mar e com rios maravilhosos, plantas fascinantes, trabalhei muito colhendo para minha mãe, minha curiosidade era grande , mas , a de minha mãe era maior, enquanto ficamos naquele reino, ela trabalhou duro, abençoando cultivos, rebanhos e estudando toda aquela imensidão de plantas diferentes, com efeitos poderosos, logo ela fez uma grande amizade com a líder matriarcal daquele clã, a mulher que enviou um mensageiro, pedindo a ida de minha mãe aos seus reinos, elas conversavam muito tempo, sobre os dons, feitiços, sobre encantos e maldições, quando o assunto era as plantas, eu dormia acordava e elas ainda estavam lá, conversando e bebendo aquele vinho horroroso que eu odiei, feito da seiva de uma árvore enorme, chamada palma. Samantha era seu nome, também chamada de " a cobra", a líder espiritual de seu povo, uma mulher rígida, de olhar hipnótico, sua deusa era Aida Wedo, Deusa serpente, ela também cultuava uma antiga Deusa de nossa terra, Eurinome, quando minha mãe viu uma a gigantesca imagem dourada, no meio de uma densa floresta que Samantha a levou, chorou e sorriu intensamente, expressando profunda emoção, hoje eu sei, ela por muito tempo, pensou que o culto de sua avó divina, tinha sido perdido, agradeceu as senhoras do destino por ter a oportunidade de conhecer os louvores e tradições daquele culto divino.
Foi nesse momento que eu conheci o amor da minha vida, um corsário de pele negra e brilhante, corpo vigoroso, era o sobrinho de Samantha, filho de um de seus finados irmãos, era um ladino dos mares, desembarcou justamente no dia que eu vi aquele mar pela primeira vez, me apaixonei no mesmo instante, eu estava de joelhos, rezando para Afrodite à beira mar, a bela Deusa do amor atendeu o meu pedindo tão rápida quanto um relâmpago e das espumas que surgiu a Deusa do amor, surgiu o amor da minha vida. Depois de todos a conversas e festividades, minha mãe cumpriu a sua missão, pois a antiga curandeira havia falecido e não havia nascido outra irmã com tais dons, por isso minha mãe foi requisitada com tanta urgência, a viagem de volta a nossa casa seria mais longa, por que minha mãe resolveu visitar as gêmeas Laxis e Nera, Samantha tomando conhecimento do fato, nos acompanhou nesta viagem, pois queria resolver alguns assuntos místicos com elas. Eram as rainhas do clã mais antigo dentre todos que conheci, Samantha, sua irmã Zulah e minha mãe, tinham grande respeito por elas e sempre a consultavam nos momentos mais delicados, ligados a questões mágicas. O amor da minha vida veio junto conosco, no grupo de guerreiros dispostos a sacrificar suas vidas para nos proteger, eu passei toda viagem na carroça de conservas e potes com especiárias, perdi a conta de tantas conservas quebradas por minha desatenção, admirando-o por toda a viagem, minha mãe e Samantha seguiam em cavalos e observaram tudo, rindo de meu jeito desajeitado e amor platônico, ele sempre muito sério e respeitoso, evitava ao máximo olhar-me , as vezes eu percebia seus pensamentos focados em mim, isso era motivo de mais e mais suspiros de minha parte, completamente embasbacada pelo amor.
Depois de muito tempo de viagem, nos aproximamos das montanhas que anunciavam a nossa chegada, pegamos a estrada que levava à floresta onde habitava o clã das filhas da luz e das sombras, na primeira encruzilhada, minha mãe pegou um dos animais que trouxemos, um lindo coelho negro, juntamente com Samantha e Zulah, louvaram a Pritânnia, a dona das estradas, agradecendo a pacifica viagem, romperam o pescoço do animal e puseram o sangue no cálice de pedra , fixo no altar a beira do cruzamento, eu, como sempre curiosa , observei tudo, não gostava de ver animais serem mortos, mas, pelos Deuses e nossas tradições, nos adaptamos a tudo. As três mulheres, minha mãe era uma delas, recitaram palavras que eu nunca tinha ouvido, os guerreiros ficaram de joelhos e eu me escondi atrás da carroça, elas estavam fazendo magia, magia de verdade, daquelas que fazem as coisas mais estranhas acontecerem, animais falarem, tempestades surgirem do nada, ou uma frágil mulher se transformar numa besta sanguinária, naquela época eu tinha pavor dos "Encantus", a arte mais preciosa dentre os escolhidos da inominável senhora da eternidade, o ato de fé mais poderoso, quando a vontade do ser, altera as coisas do mundo de acordo com o seu desejo. A encruzilhada tremeu tanto quanto minhas pernas, e do nada, surgiu um portal de pura madeira com símbolos desconhecidos por mim na época, Samantha virou-se e tirou minha duvida, acho que ela leu meus pensamentos naquele momento, disse que seria inútil entrar naquela floresta, pois o reino de Laxis e Nera não era ali e sim entre aquele local e o outro mundo, foi algo fascinante, a minha primeira viagem pra fora desse mundo, eu fiquei eufórica! Só lamentei pelo meu amor, não pode seguir conosco, pois ele ficou vigiando o portal, para que algum clã inimigo não se aproveitasse do momento pra invadir o reino de Mella'beth, uma vez aberto por uma trindade de bruxas, só pode ser fechado pela mesma trindade, como diz a tradição, as sacerdotisas gêmeas podem fechar ou abrir, por serem uma trindade, parece uma loucura, mas, hoje eu sei o porque desse fato, mas elas seguem a tradição e só fariam isso numa extrema necessidade.

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