segunda-feira, 23 de junho de 2014
Mão negra
Quando for tragado por seus pensamentos, cego pela luz que induz a fascinação de um por vir mais tranquilo, siga o caminho inverso.
Busque comungar com seus sentimentos mais profundos, recuse a luz que paira sobre sua consciência e caminhe por entre as sombras de si mesmo até que a trilha acabe e possa repousar no vazio.
Renuncie a longa e tortuosa escadaria de promessas de um futuro Divino, marcado pelas dores promovidas numa dita "elevação" árdua, saiba que pisará por caminhos viscosos, sentirá sob seus pés, a viscosidade da fria pele ofídica e sua inconstância traiçoeira.
Derrame sobre seu corpo, as glórias do presente, incinere o passado nas fornalhas do seu ódio e forje suas intenções com o aço da vontade final.
Seja uno com seus egos, alimente-os com sua alma, dê suas angustias paras as feras.
Destrua o elo, destrua a escadaria eterna, sacrifique sua ascensão, seu regresso a uma consciência que lhe condenou, deixe a mão negra tocar sua alma.
Esteja na companhia de Putrefata, contemple as asas de Thanatos, ouça a voz de Átropos.
Não há medo, não há raiva, não há paixão, somente a Morte é nosso sentimento, a Morte é nossa atitude.
Manto de sombras sobre nossos ombros, sobre este manto, as patas de um corvo em repouso, olhando para um amanhã que não existirá ...
Honre a foice que te libertará.
Levantem-se...
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