Dando continuidade aos estudos sobre a figura de Lilith, seja essa influencia unida aos critérios fantasiosos de nossas mentes,particularidades comportamentais ou certezas espirituais extremamente plurais de acordo com as mutações conceituais das tradições sociais e religiosas do ser humano no decorrer de sua evolução histórica. Encontramos com a majestosa Deusa/Mulher/Demônio das tempestades, ventos e furações em amplas facetas envolvidas em nossa ideia de coexistência, seja a mesma com a natureza ou a humanidade das mais variadas formas diferentes.
Encontramos uma série de influencias literárias onde a tempestuosa Divindade Suméria aparece como epicentro conceitual definindo estados evolutivos do princípio feminino e suas influencias em períodos históricos extremamente distantes, também, sendo considerada como exemplo mitológico de muitas condutas e questões sociais relacionadas ao desenvolvimento da inferiorização da mulher como autoridade intuitiva, livre de egos e pré-definições influenciadas por beneficiações pessoais, Divindade matriarcal protetora da liberdade e igualitarismo.
Lilith e os conceitos sexuais através dos tempos:
Lulti :
Origem : Linguagem Suméria
Tradução : Lascívia
Conceito Moderno : Conduta ultrajante, pensamentos ou atos totalmente imorais voltados a sexualidade.
Lulu :
Origem : Linguagem Suméria
Tradução : Libertinagem
Conceito moderno : Pessoa libidinosa, com uma conduta sexual sem limites, desregrada, inconsequente.
As preceptoras da vida :

O começo do mal, moral e a mulher inferior ao homem :

'Lulti' e 'Lulu' foram as duas palavras mais usadas para definir alguns aspectos sexuais de Lilith num carácter negativo e imoral, contudo, a maioria predisposta a assimilar interpretações banais e ignorantes não se preocupam em buscar o amago das questões e suas subsequentes transformações através dos tempos em comunhão com mutações culturais e suas bases primitivas da construção social desigual sintetizada na raiz das primeiras culturas sedentárias. Lilith é uma das Deusas primordiais do Oriente, possuindo atestações arqueológicas de sua presença como Deusa mãe de boa parte da região na idade do Bronze, sendo a principal referência Divina para as mulheres num período de extrema força matriarcal definido como pré-patriarcal.
O período pré- patriarcal é muito importante para definir as intenções e interpretações de certas definições anexadas a Lilith no decorrer da história humana, de maneira simplificada, podemos atestar que determinadas palavras vão se transformando e criando definições a merce da conduta e critérios sociais denominados como certos em cada cultura, costume e temporalidade relacionada. Foi um período igualitário onde a família não era limitada aos seus entes mais próximos e moradores de uma mesma casa, pois, como a antropologia nos ensina, a maioria dos povos nômades viviam num estado de comunhão, onde seu critério de família era relacionado a união de seus companheiros buscando suprimentos e prezando a proteção, assim, perpetuando a evolução daquela coletividade, independente de laços sanguíneos.
Os povos desse período não eram ligados a questões morais que são colocadas como bases éticas que podemos ver até os dias de hoje, sua religiosidade e critérios eram baseados em informações ancestrais passadas através das gerações em relação aos fluxos e modificações da natureza, tendo a vida e morte como extremos da mesma roda, existindo forças ao redor dessa condição parabólica que podem influenciar, modificar tais condições, eventos que poderiam prejudica-los e criar eventos para beneficia-los.
A experimentação da vida é um critério inconsciente de um povo nômade, estando predispostos a novos eventos, adversidades e oportunidades nunca vistas, mas, tais condições, relações e contemplações eram feitas pelas mentes mais tranquilas e responsáveis pelos trabalhos mais minuciosos de uma coletividade vagante : As mulheres eram responsáveis pela manutenção desse fluxo, cerimônias focalizadas em ícones Divinos herdados de seus antecessores, afirmando a condição superior de seres incomuns que nos criaram, afirmando-os como os grandes regentes dos princípios cósmicos e ambientais de necessária harmonia para a continuação da sorte e fartura nas suas buscas pelos suprimentos necessários para o povo e dos ofícios indispensáveis para continuar a existir com tranquilidade.
Quando o caçador deixa de caçar :

Agora num outro ponto de vista, começa a alimentar sua consciência com ideias ligadas ao comportamento natural de gênero visto nos animais, onde o macho mais forte luta pelo seu estado superior e se torna o líder, possuindo muitas fêmeas diferentes, também, observando os animais, os homens tiveram a ideia primitiva da importância do homem na procriação, atestando a soberania masculina sobre o ato sexual e procriador, sem nenhuma possibilidade de acontecer sem a introdução do falo, mesmo simbolo que se tornou a destruição das tradições culturais e espirituais de todo um período igualitário e harmônico da humanidade. As mudanças de pontos de vistas ligadas ao comportamento humano em suas atividades foram os primeiros indícios da criação de um tipo disforme e primordial de moralidade imposta por um ser humano, onde a família em seu estado completo foram se fragmentando devido as diferentes conceituações individuais dos homens que usavam do determinismo falocêntrico como base de uma nova instituição coletiva tendo-o como o líder em todos os aspectos de seu cotidiano.
Depois dessas condutas iniciais, os estados de convivência tribal falocêntrica foram criados e as Deusas foram retiradas de seus atributos ancestrais, as grandes Tecelãs da realidade vital foram transformadas em Divindades secundárias tendo um Líder poderoso com aspectos arquetípicos destrutivos e egoicos como base psicológica e de atuação ou rebaixadas a aspectos negativos da mesma realidade que ela presa e rege. Lilith é uma Divindade, personagem que não foge a essa regra, foi o principal alvo de uma sociedade nômade que traiu a sua condição Divina evidenciada por seus ancestrais para trilhar uma conduta social centrada nas ideias falocêntricas, modificando toda uma cultura milenar e essencial para estipular a ideia do homem como o princípio de gênero mais importante.
Continua ...
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