Madrugada do dia 28 de outubro, exatamente 02h30min da manha. Meu visinho que compartilha o habito da vida noturna comigo, me chama para ir ao centro do bairro para comprar cigarros e tomar uma cerveja geladíssima, muito apropriada devido o calor que está fazendo esta noite completamente nublada, sem o privilegio de ver as estrelas. Deparo-me com a presença de uma mulher de cabelos soltos e completamente embriagada, pele morena, feições castigadas pelo tempo e vida, bebendo sua cerveja num canto isolado observando-me atentamente. Impetuosa, se aproxima me pedindo “ago”, e começa a dizer o que seu coração lhe destina:
- Boa noite, sou baiana, sou nascida e criada na Bahia, Sou filha de santo de Luzia, neta de mãe “minininha”. Vim pro Rio pra tentar a vida e ela só me judiou, olhei pra você e veio pedir ajuda, não quero dinheiro! Quero que você me escute. Sei que você tem, você carrega um exu que pode me ouvir. Muita gente diz que carrega um Exu, é mentira, poucos carregam e você é um. Eu já sofri muito.
-Tomei sete facadas nas costas e estou aqui, por que Exu quis, porque é Exu que decide quem vem para esse mundo ou parti pro outro. Estou te pedindo ajuda , enxerguei em você ; Exu e uma Lebara linda, Procurei por muito tempo alguém que carrega-se, pois através de você o Diabo me ouve. Tenho dois filhos, estou de barriga. Agradeço a você Exu por estar viva!
Isso é a demonstração da pureza da crença cega, guiada pelos instintos de sua tradição que nem através dos obstáculos, dos gigantes colocados em nossa frente, do sofrimento a fez esquecer seu sangue e de sua verdadeira fé. A velha baiana me fez enxergar o valor do sacrifício, do sangue e da vida. Independente da dificuldade ou empecilho, ela agradece por ter superado e ainda tentar superar as angustias que afligem a sua vida.
Supere você também. Acorde...
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