quarta-feira, 4 de julho de 2012
Vodu/Vudu/Voodoo ...
"O Vodu tem como característica fundamental, o culto dos antepassados, o respeito dos seus seguidores por aqueles que são responsáveis pela sua existência atual."
Vodu: Palavra que tem sua origem no dialeto Congo, possuindo um mesmo significado que o termo Loa, ambas palavras possuem traduções similares, definindo um ser espiritual, um ancestral divino, conectado com aspectos primordiais da natureza e princípios abstratos da realidade. Por muito tempo as pessoas estabeleceram uma conexão entre a palavra Vodu/Vudu/Voodoo com os singelos bonecos feitos com pedaços de pano e fibras vegetais, o mesmo é na verdade chamado Gingim, um artefato usado de diversas formas, tendo muitas funcionalidades diferentes dentro da tradição Vodu atráves dos tempos. O Gingim pode ser usado como um foco imaginista, representando uma entidade, espírito inespecifico ou até uma Divindade do panteão citado. O singelo boneco, pode ser confeccionado com intenções benéficas, representando uma pessoa, para que você possa abençoá-la a distância, promovendo intenções especializadas, como a cura, proteção e mudanças positivas de comportamento.
A crença vudu possue um sentido dualista de conduta, comportamento e interação dos espíritos , possuindo uma divisão criteriosa entre seus Deuses e castas espirituais, tendo como principio de organização, as características da natureza . Dentro da crença, existe uma organização de Deuses e espíritos que tem como intenção primordial, a promoção de práticas que acarretem a evolução, cura e mudança comportamental positiva dos adeptos e crentes sem vinculo hierárquico com a crença, esses seres são denominados "Radas". O mais interessante dessa divisão, é que mesmo sendo Deuses e espíritos dessa casta positivista, eles não se abstém de tomar atitudes severas, punindo e doutrinando seus respectivos adeptos quando há necessidade. A outra casta de via comportamental inconstante e muito peculiar, são denominados "Petros", são espíritos agressivos, violentos e impiedosos, tendo um senso de justiça mutável, interagindo com intervenções mágicas inconsequentes, injustas, contraventoras, tais espíritos , são ditos como sombrios e representantes de aspectos negativos da realidade humana, tal como o ódio, vingança e inveja, mas, também existem aqueles que representam os arquétipos selvagens da natureza, sendo representados como animais ou seres sinistros sem identidade,com partes da estrutura corpotal disforme e por muitas vezes, representados com máscaras idependente da variação iconográfica humana ou animal. Desprovidos de morais que estabeleçam um senso de humanidade são os espíritos habitantes das partes mais densas das florestas, das profundezas das cavernas, representam os perigos da natureza e os aspectos negativos da psique.
É afirmado que o famoso procedimento, usando agulhas em um Gingim é proveniente do culto aos "Petros", com o intuito de causar uma alteração na realidade, causando danos reais no ser representado pelo boneco. É importante dizer que existe uma similaridade incrivel na forma de culto, elementos integrados às oferendas dos espíritos e Divindades,tal como a oferenda de sangue, presente nos dois seguimentos, algumas vezes é bastante notório, a presença de um mesmo ser nos dois cultos, atestando o dualismo comportamental, sendo seres completos, representantes dos aspectos positivos e negativos de sua integridade correlacionada à propriedades naturais.
Papa Legba
Divindade importantíssima do panteão Vodu, culto originário da cidade de Fon, em Benin, onde o mesmo é chamado de Legba, um Vodun/Vodu da fertilidade, cruzamentos, estradas. Divindade que preside o destino e as possibilidades de mudanças do mesmo. É o Deus do príncipio e fim, sendo reverenciado a cada começo e termino dos cultos Vodu, é representado iconograficamente como um velho com uma bengala em forma de chave, afirmando sua autoridade sobre os caminhos e questões ligadas ao destino e suas mudanças, também e representado pela imagem de São Pedro, sendo o porteiro do Céu e detentor da chave do reino Celestial, se encaixa perfeitamente com a figura de Papa Legba, ele sendo a Divindade que faz a conexão/União entre os mundos, por isso o seu culto é de muita importância, pois, segundo as tradições Vodu, sem a benção e abertura dos portais feita por Papa Legba, não há conexão entre os humanos e os Loas ou entre os mesmos e os espíritos de casta inferior.
Veve de Papa Legba
Damballah Wedo
Muito popular, devido aos filmes que representaram essa Divindade Vodu. Divindade da criação, sendo o arauto do criador , é aquele que criou a realidade física, O Deus/Deusa da pureza e todas as riquezas existentes, é um dos principais cultos vOdu. representa a vida e todas as transformações do ciclo existêncial, tem como consorte a Deusa Ayda Wedo, também é representada como uma serpente, diz a lenda que ela surgiu de um arco-iris criado por Damballah que apaixonou-se automaticamente pela Deusa. Damballah é cultuado por muitas iconográficas diferentes, tal como a de São Patrício.
Erzulie Dantor
A Madona negra, uma Deusa Vodu de comportamento guerreiro e super protetor, tendo como característica comportamental bem evidente, o feminismo e o protecionismo, representada como uma guerreira com diversas marcas tribais pelo corpo e uma em seu rosto, uma adaga em uma das mãos e uma criança em seu colo, simbolos de sua bravura e ações contra aqueles que tentam contra seus protegidos e ao mesmo tempo, a criança representando sua atenção, zelo e doçura com aqueles que depositam fé em sua providência Divina. É o principal culto divino feminino dentro do panteão Vodu, é a Deusa do amor seja de qualquer forma, é a reconhecida como a matrona das lésbicas dentro dos conceitos espirituais relacionados a ela.
Veve de Erzulie Dantor
Ogoun
Deus Vodu da guerra, ferro e artes manuais, possue um forte culto no Haiti, é dito que ele foi o Loa responsável pela revolução Haitíana, sendo ele o Loa invocado no mítico ritual práticado pelos lideres rebeldes, denominado "Pacto de Ogoun" .
Barão Samedi/Barão Lacroix
Em lendas mais antigas é considerado como o espírito de um corsário que chegou no Haiti em tempos antigos e depois de sua transcendência foi consagrado como o Loa dos cemitérios e senhor da morte. Samedi segundo o culto, preside os caminhos e o destino, tem características de culto, iconográfia muito similares a de Papa Legba, sendo considerado uma de suas manifestações naquela terra. Samedi representa as inverções de fatores e total dominio sobre as possibilidades, age com fins benéficos ou maléficos, rege as ruas, a malandragem e criminalidade, é o senhor da noite e todos os seus benefícios e prejuizos, preside com sua mulher, Mama Brigite, os principais ritos de feitiçaria do culto, sendo loas com a função de conexão entre os mundos, são manipuladores de espíritos, comandantes das falanges ancestrais, são os ministros do culto aos antepassados. É representado como um homem negro com vestes vitorianas, uma bengala ornamentada de ossos e uma pintura facial representando a face de um crânio, aspecto iconográfico dando total entender de sua ligação com os mortos, sendo ele o representante e regente dos mesmos.
Veve de Barão Samedi
Mama Brigitte
Esposa de Barão Samedi, segundo os misteriosos contos, chegou com ele ao Haiti. Mulher branca e bem vestida, considerada como uma feiticeira muito poderosa, depois de sua morte, foi consagrada como a Loa dos cemitérios e da feitiçaria, existem características que a ligam com a Deusa celtica com o mesmo nome, aspectos de culto, como a forte ligação com o fogo e ritos funerários. Existem lendas, admitindo o fato que o primeira mulher enterrada em solo haitiano foi Mama Brigite, dando princípio ao culto aos mortos e zelo para com os antepassados, representados pelos ossos que um dia foram eles, segundo mitos, a sabedoria do casal, foi responsável pela mudança de comportamento mediante as práticas realizadas com os corpos, outrora jogados ao mar ou cremados, a partir da passagem desses "Deuses encarnados", começou o extenso e complexo culto Haitiano aos espíritos ancestrais, que já havia uma tradição proveniente de suas raízes africanas, mas determinados conceitos foram mudando com o passar dos tempos e esse mito sobre a passagem do casal que rege a morte e os mortos representa essa mudança na tradição.
Veve de Mama Brigitte
Kissimbi
São o grupo de Loas ofídicos do Vodu, com origem nos cultos angoleses e Congo.
Simbi-Dlo: Loa serpente das águas doces , rege a criatividade, paciência
Simbi-Makaya
Dita como a serpente feiticeira, habitante dos rios e mares, é um Loa temido e com um culto muito restrito, é um simbi de aspecto sombrio e muito pouco cultuado.
Agou/Agwe
Chamado de "Netuno Vodu" é o Loa dos mares e tudo que a nele, está entre os cultos menos evidenciados, logicamente, sendo o Loa do mar, rege os aspectos férteis e destrutivos do mesmo, sendo o Haiti uma ilha, o temor sobre esse espírito é alto, tornando seu rito muito restrito e secreto. É representado tendo cabelos e barba branca, metade homem metade peixe, muitas vezes representado como o capitão de um navio, com vestes características.
Veve de Agou/Agwe
domingo, 1 de julho de 2012
Lembranças de Brigith ....
A muito tempo atrás, fui a mais linda das feiticeiras, a tanto tempo que mau consigo lembrar da maioria dos fatos. Desde muito pequena, sempre fui tomada por uma grande curiosidade por tudo a minha volta, minha mãe era uma curandeira, seu nome era Brid"yn, uma mulher bondosa, sempre disposta a ajudar a todos com seus cuidados, preparados, chás, auxiliando os feridos, dando de comer aos necessitados, abençoando colheitas e mais colheitas, pedindo a Deusa de nosso sangue, a divina Cybele que fizesse os grãos plantados crescerem com força e muita sustância, minha mãe convocava os daemons da terra, para afastar as pragas que assolam os campos de cultivo. Eu sempre peregrinava com a minha mãe por todos os cantos que ela ia, ajudando-a no que fosse preciso, desde muito pequena, por ser muito curiosa e medianamente astuta, tive facilidade de encontrar ervas pra ela, nunca temi as florestas fechadas, pedia a Deusa Cybele que afastasse seus filhos mais perigosos e sempre fui atendida, os espíritos da terra, protegiam-me com muito afinco, os animais nunca foram o maior perigo das matas fechadas, o problema sempre foram os homens, eu ainda menina, tinha um corpo muito maduro, uma altura incomum pra minha idade, tendência familiar, já deparei-me com homens maus intencionados dentro dos bosques, enquanto eu estava colhendo ervas, raízes e flores, homens engraçados, quando eles tentavam algo, eu sempre usava meu pó da feiura, eu jogava todo o preparado sobre meu rosto e ficava horripilante como pio de uma coruja.
Falando em família, eu tenho duas irmãs, a mais velha era Brigid, essa minha irmã era uma mulher difícil de se lidar, mau humorada, impetuosa e muito esquentada, ela nunca saía de casa, ela era a responsável pela nossa casa, quando minha mãe estava peregrinando pelos campos, ajudando os agricultores e enfermos, também era ela que preparava os uguentos e poções curadoras pra minha mãe, aprendi com ela, quase tudo que sei sobre ervas, como identificá-las, como colher e preparar, encantar as poções, nunca fomos muito próximas, ela era muito severa e me batia muito quando eu fazia alguma besteira, contrário da minha outra irmã, Brigida, amava minha irmã do meio com muita intensidade, a amava tanto quanto eu amava a minha própria mãe, ela era muito bonita e amável, sempre disposta a ajudar, muito parecida com nossa mãe, ela sempre me defendia das agressões de Brigid, as vezes apanhava junto comigo ou simplesmente colocava-se sobre meu corpo e tomava os golpes de vassoura por mim, não imagino por que Brigida despedaçou meu coração, traindo-me com tanta ferocidade, sempre esperei algo assim de Brigid, nunca confiei nela, eu tinha muito medo dela, mas, o destino me provou que os gritos de Brigid, eram puros e sinceros e toda bondade e protecionismo de Brigida, era parte de uma máscara que caiu por terra a muito tempo, pereceu juntou com o meu amor por ela.
Por uma de nossas viagens, nos alocamos com um coven de bruxas ao extremo sul de nossa terra, mulheres lindas que cultuavam os Deuses de nossa fé e também prestavam homenagens aos Deuses dessa terra, eram mulheres negras de cabelos lisos como os nossos, um clã que surgiu com a mistura do nosso sangue com o sangue do povo daquela terra, o que eu soube na época, é que devido a uma antiga guerra, muitas famílias foram banidas de nossa terra peregrinaram para esta e copularam com eles, era uma terra linda, perto do mar e com rios maravilhosos, plantas fascinantes, trabalhei muito colhendo para minha mãe, minha curiosidade era grande , mas , a de minha mãe era maior, enquanto ficamos naquele reino, ela trabalhou duro, abençoando cultivos, rebanhos e estudando toda aquela imensidão de plantas diferentes, com efeitos poderosos, logo ela fez uma grande amizade com a líder matriarcal daquele clã, a mulher que enviou um mensageiro, pedindo a ida de minha mãe aos seus reinos, elas conversavam muito tempo, sobre os dons, feitiços, sobre encantos e maldições, quando o assunto era as plantas, eu dormia acordava e elas ainda estavam lá, conversando e bebendo aquele vinho horroroso que eu odiei, feito da seiva de uma árvore enorme, chamada palma. Samantha era seu nome, também chamada de " a cobra", a líder espiritual de seu povo, uma mulher rígida, de olhar hipnótico, sua deusa era Aida Wedo, Deusa serpente, ela também cultuava uma antiga Deusa de nossa terra, Eurinome, quando minha mãe viu uma a gigantesca imagem dourada, no meio de uma densa floresta que Samantha a levou, chorou e sorriu intensamente, expressando profunda emoção, hoje eu sei, ela por muito tempo, pensou que o culto de sua avó divina, tinha sido perdido, agradeceu as senhoras do destino por ter a oportunidade de conhecer os louvores e tradições daquele culto divino.
Foi nesse momento que eu conheci o amor da minha vida, um corsário de pele negra e brilhante, corpo vigoroso, era o sobrinho de Samantha, filho de um de seus finados irmãos, era um ladino dos mares, desembarcou justamente no dia que eu vi aquele mar pela primeira vez, me apaixonei no mesmo instante, eu estava de joelhos, rezando para Afrodite à beira mar, a bela Deusa do amor atendeu o meu pedindo tão rápida quanto um relâmpago e das espumas que surgiu a Deusa do amor, surgiu o amor da minha vida. Depois de todos a conversas e festividades, minha mãe cumpriu a sua missão, pois a antiga curandeira havia falecido e não havia nascido outra irmã com tais dons, por isso minha mãe foi requisitada com tanta urgência, a viagem de volta a nossa casa seria mais longa, por que minha mãe resolveu visitar as gêmeas Laxis e Nera, Samantha tomando conhecimento do fato, nos acompanhou nesta viagem, pois queria resolver alguns assuntos místicos com elas. Eram as rainhas do clã mais antigo dentre todos que conheci, Samantha, sua irmã Zulah e minha mãe, tinham grande respeito por elas e sempre a consultavam nos momentos mais delicados, ligados a questões mágicas. O amor da minha vida veio junto conosco, no grupo de guerreiros dispostos a sacrificar suas vidas para nos proteger, eu passei toda viagem na carroça de conservas e potes com especiárias, perdi a conta de tantas conservas quebradas por minha desatenção, admirando-o por toda a viagem, minha mãe e Samantha seguiam em cavalos e observaram tudo, rindo de meu jeito desajeitado e amor platônico, ele sempre muito sério e respeitoso, evitava ao máximo olhar-me , as vezes eu percebia seus pensamentos focados em mim, isso era motivo de mais e mais suspiros de minha parte, completamente embasbacada pelo amor.
Depois de muito tempo de viagem, nos aproximamos das montanhas que anunciavam a nossa chegada, pegamos a estrada que levava à floresta onde habitava o clã das filhas da luz e das sombras, na primeira encruzilhada, minha mãe pegou um dos animais que trouxemos, um lindo coelho negro, juntamente com Samantha e Zulah, louvaram a Pritânnia, a dona das estradas, agradecendo a pacifica viagem, romperam o pescoço do animal e puseram o sangue no cálice de pedra , fixo no altar a beira do cruzamento, eu, como sempre curiosa , observei tudo, não gostava de ver animais serem mortos, mas, pelos Deuses e nossas tradições, nos adaptamos a tudo. As três mulheres, minha mãe era uma delas, recitaram palavras que eu nunca tinha ouvido, os guerreiros ficaram de joelhos e eu me escondi atrás da carroça, elas estavam fazendo magia, magia de verdade, daquelas que fazem as coisas mais estranhas acontecerem, animais falarem, tempestades surgirem do nada, ou uma frágil mulher se transformar numa besta sanguinária, naquela época eu tinha pavor dos "Encantus", a arte mais preciosa dentre os escolhidos da inominável senhora da eternidade, o ato de fé mais poderoso, quando a vontade do ser, altera as coisas do mundo de acordo com o seu desejo. A encruzilhada tremeu tanto quanto minhas pernas, e do nada, surgiu um portal de pura madeira com símbolos desconhecidos por mim na época, Samantha virou-se e tirou minha duvida, acho que ela leu meus pensamentos naquele momento, disse que seria inútil entrar naquela floresta, pois o reino de Laxis e Nera não era ali e sim entre aquele local e o outro mundo, foi algo fascinante, a minha primeira viagem pra fora desse mundo, eu fiquei eufórica! Só lamentei pelo meu amor, não pode seguir conosco, pois ele ficou vigiando o portal, para que algum clã inimigo não se aproveitasse do momento pra invadir o reino de Mella'beth, uma vez aberto por uma trindade de bruxas, só pode ser fechado pela mesma trindade, como diz a tradição, as sacerdotisas gêmeas podem fechar ou abrir, por serem uma trindade, parece uma loucura, mas, hoje eu sei o porque desse fato, mas elas seguem a tradição e só fariam isso numa extrema necessidade.
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